terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Essência de baunilha




Os mais belos seios jamais serão acariciados. Aqueles lábios jamais serão beijados. O sol assassinou todas as estrelas. E a deusa-Lua reina solitária desde então. Um céu sem estrelas. E um coração sem sonhos. Pequenas vidas sem propósito.

_ Dormirei para sempre em meu mausoléu. Jamais despertarei novamente.
_ Já dormes desde 1164. Estamos em 1938, sabes?
_ Sim. Preferirei não pensar em datas.
_ Reencarnarás em forma de gato. Não reclames, pois deverás nascer em 2011.
_ Preferirei assoprar um livro em ouvidos humanos. O livro se chamaria A morte do cisne. Terei um lar em vida?
_ Sim, serás adotado e viverás muito bem mas deverás ensinar tudo que sabes sem nenhuma palavra. Entendeste bem? E viverás bastante.

O tempo volúvel. As pequenas metamorfoses. Grandes sonhos que se quebram ao meio. Pequenas vidas sem propósito. A multiplicação do vinho. La cantina dei poeti. Il silenzio della poetessa. Não, não existe. Nada existe. Apenas a rainha virgem e seu séquito de estrelas que, felizmente, não foram assassinadas. Puras ilusões e verdades disfarçadas em essência de baunilha. Acordemos.

Liz Christine

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