O céu está
frio. Os anjos choram. E as gatas festejam – festejam o vazio infinito que é a
vida terrena. Toda a falta de sentido camuflada sob a aparente profundidade do
céu gelado. Ou seria aparente a falta de sentido – ou seria aparente a profundidade
– ou seria aparente a dúvida – ou seriam aparentes as certezas – ou seria
aparente a futilidade infinita – ou seriam aparentes as – as – as – (
As dúvidas novamente, camufladas novamente, expostas parcialmente, as dúvidas quase arrogantes, ou quase raivosas, ou quase suaves, ou quase doces, ou quase explícitas, ou quase escondidas, ou quase submersas, ou – ou – ou)...
Oui, oui, quase, quase. Quase nada. Quase nada faz sentido aparentemente. E aparentemente quase tudo é transitório. Mas na realidade é imprevisível – tanto quanto a – tanto quanto a – a – ),
As dúvidas novamente, camufladas novamente, expostas parcialmente, as dúvidas quase arrogantes, ou quase raivosas, ou quase suaves, ou quase doces, ou quase explícitas, ou quase escondidas, ou quase submersas, ou – ou – ou)...
Oui, oui, quase, quase. Quase nada. Quase nada faz sentido aparentemente. E aparentemente quase tudo é transitório. Mas na realidade é imprevisível – tanto quanto a – tanto quanto a – a – ),
As palavras
submersas – o silêncio camuflado – quase nada é concreto ou palpável – apenas
aparências e nada mais –
A
comunicação sem palavras – as cenas descartadas – as escolhas rejeitadas – e as
gatas festejam – festejam a erva de gato dissolvida na caipirinha de saquê com
morango e adoçante. Os trechos jamais sublinhados dos livros – os diálogos
esquecidos dos filmes amados – as cenas novamente descartadas – as memórias sem
importância – as coisas mais inúteis se repetem no comercial do céu gelado – e
os anjos choram.
O céu é
aqui. O inferno também. Depende das conjunções ou quadraturas. Tranque seu
coração até que – até que – até que –
Até que
algo faça sentido – ou até que alguma coisa se destaque no meio de tantas cenas
descartadas – no meio de tantas frases sem nexo – no meio de tanta frieza ou
tanta – tanta – tanta – subversão de valores ou conceitos – a lua é fria (ou
seria indiferente ou seria ausente – ou qualquer outra coisa)...
Qualquer
outra coisa que se queira – tudo é impossível fora da imaginação. A não ser que
as conjunções ou quadraturas colaborem. Nada faz sentido. Ou não é fácil
enxergar. Enxergar ou pressentir – ou adivinhar no tato. O céu é aqui. O
inferno também. E o limbo também. Entre quatro paredes ou sob o luar – na rua
ou em qualquer lugar. E as gatas festejam – festejam a doçura de um sonho
concretizado. Mas quase tudo tem prazo de validade – até os sonhos – ou será
que não – não há mais dúvidas – não há mais certezas – não há mais nada além
das gatas que festejam a erva do gato misturada ao saquê depois de assistirem ao
filme mais confuso do ano. Primeiro o filme, depois o saquê, e depois água com
gás, e depois bons sonhos despertos – sempre despertas as gatas observando a
vida terrena e os maus hábitos humanos de dentro do esconderijo delas.
Liz
Christine