A impaciência contida nos latidos que iluminam a madrugada onde a busca por vestígios camuflados no silêncio desequilibra o desenvolvimento sensorial das aspirações ronronantes da gata. Ah, cansaço – cansaço das coisas todas como se deixam estar. Ah, saudade – saudade da liberdade inconsciente das próprias limitações. Saudade da inconsistente ausência de suposições saturadas de cores salpicadas em sonhos. O azul dos olhos da gata e o lilás das paredes do quarto – o vermelho das unhas curtas e o verde da grama que recobre o piso do banheiro iluminado por latidos entrelaçados aos sussurros da madrugada. Ah, cansaço – cansaço da inconsistente harmonia passageira dos sonhos parcialmente lúcidos que transportam o gato dos olhos amendoados até a pia do banheiro onde se encontra um vaso de manjericão fresco e o cartão do melhor restaurante japonês da Lapa. A gata branca e a gata de três cores que moram em um prédio em frente à praia flertam com o desenvolvimento sensorial apurado pelos brinquedos recheados de catnip comprados no pet shop da esquina – e o gato dos olhos amendoados que mora no apartamento em frente pressente a chegada do cansaço das coisas todas como se deixam estar. As mudanças breves se dissolvem em sonhos parcialmente lúcidos onde a realidade saturada de cores invade o aroma de manjericão fresco vindo do banheiro – o gato se vê no espelho enquanto a inquietude da madrugada abraça a precisão dos instantes infinitos que cabem no silêncio do dia prestes a amanhecer.
Liz Christine
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