A tristeza sibilante e o devaneio lúcido – tão despreparados para enfrentar as temperaturas escaldantes de uma vasta plantação rasteira de sombrias perplexidades. E a sombra angustiada da insônia em vão acorda o despreparo do devaneio lúcido. A escuridão assombra pensamentos tolos vagando pelo corredor que leva ao banheiro mal iluminado por um ponto de luz colorido. Todas as tolices desgastadas pela razão turva que mal enxerga a inutilidade dos pensamentos circulares. As frases giram em círculos que se expandem e se fecham em torno de verdades dúbias. Tudo se transforma aos poucos em clareza passageira que se apropria de justificativas fúteis. Gostaria tanto que essa madrugada fosse tão bela quanto o perfil de uma gata lavando as patas na janela com tela – mas não. A escuridão sombria se apropria de cada busca por um sentido que jamais existirá. Nada mais faz mesmo sentido desde que perdi as chaves do paraíso artificial que abrigava um parque de diversões para jovens quase adultos de idades variadas e personalidades misturadas entre si. As essências se misturam e são adulteradas por diversos fatores sociais ou químicos mas as verdades turvas transparecem em cada clareza passageira. Gostaria tanto de nadar em águas claras e límpidas que de tão profundas parecem suaves devaneios. Mas a escuridão em que vivemos é rasa e poluída e as chaves do paraíso artificial se perderam depois de uma festa de aniversário que acabou em fatias parceladas de torta alemã com chá de morango. A última garrafa de champagne foi aberta às onze horas da manhã do dia seguinte à festa de aniversário e o último pedaço do paraíso artificial se desfez na minha língua às três horas da tarde de um dia nublado com temperaturas escaldantes. Busquei um sentido e encontrei apenas teu sorriso dúbio congelado ao lado de bolsas térmicas para tratar fraturas e dores musculares ou simplesmente refrescar idéias já desgastadas pelo calor de um verão em Paris.
Liz Christine
Liz Christine
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