quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Nebulosas

Uma vozinha fraca chega através da janela. As paredes são de papelão. Minha cama é uma caixinha de música encontrada num antiquário e dada de presente. Eu ganhei uma rosa branca. As transparências. Todo sonho tem as suas transparências nebulosas.

“Sacudo a dor como se tira dos ombros o vestido que gruda no corpo. Se pudesse sair assim do casulo.” As parceiras, Lya Luft

A gata dorme na janela. Janela com tela do sétimo andar. Olho a gata, não estou pensando em nada. Simplesmente não consigo pensar. Que não voltaria mais a essa casa, é o que eu achava. Achava também que não ia mais dormir sem lexotan.

“Fecho os olhos: quando vou conseguir fechar assim o coração? Me encerrar em mim, como outros nas aparências, na loucura?” As parceiras, Lya Luft

Lexotan. Um e meio. Mais um quarto. Todo sonho tem suas transparências nebulosas. Toda vozinha fraca tem sua raiz nas asas das paredes de papelão. Todas as paredes nessa rua são de papelão. E as nuvens são amarelas. Amarelas e sorridentes.

Mas meu pesadelo é laranja...não laranja como foi a cor do meu cabelo um dia, ou laranja como é o pêlo de gatinhas vira-latas andando por aí no meio de outros gatos de outras cores... mas sim, meus pesadelos são da cor de uma abóbora apodrecida e descartada de qualquer receita...

Liz Christine

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