terça-feira, 11 de novembro de 2008

Grito


“Uma mulher com asas precisaria de um amante que as tivesse ou pelo menos não sentisse medo ao perceber as dela. Ou seres com asas são necesseriamente solitários? Pois um amante, ainda que também tenha asas, pode querer fugir de tais enredamentos, asas com asas, vôos entrecruzados, queda no abismo, o risco.
Podia – mesmo sendo meio-anjo também – preferir uma mulher mais rasa e mais apaziguadora.
Anjos e fantasias estão desde sempre exilados de si nesse terror das possibilidades, dos deslimites.” (Histórias do tempo, Lya Luft)

Estrelas dançando nos olhos dela. A lua mora no bolso da minha saia vermelha. E eu beijo o rio prateado que corre nos lábios dela. A vida é assim, um rio prateado que circula dentro de nós e nos percorre dos pés aos lábios. Meu rio anda inquieto. Quer transbordar e se fundir ao rio dela. Ela beija minhas pálpebras fechadas e sussurra palavras ao meu ouvido. Sim, meu amor, estamos com sede, sede de rios translúcidos e transbordantes que se fundem num grito de prazer.

Liz Christine

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