terça-feira, 16 de setembro de 2008

Infelizmente


Mergulhar no azul e comer o verde. Absorver o verde com a língua e com toda a minha ânsia por profundidades – as profundidades do verde.

Dizer ao pato azul – eu só quero te ver, não quero te ter... quero ouvir apenas – tua voz...

Não dizer nada à fada verde. Cantar poemas para ela. Poemas eróticos sobre o amor entre fadas e borboletas.

Quando eu namorava a fada verde conheci uma fada lilás. E depois da fada verde namorei a fada lilás – com quem eu já tinha ficado antes. Eu – que sou a fada vermelha – saía com a fada lilás no início do namoro mas depois ela começou a voar sozinha ou com amizades dela enquanto eu ficava trancada em casa no escuro do quarto chorando. A fada vermelha estava com problemas mas não havia quem compreendesse – nem médicos ajudavam. Psiquiatras, psicólogos, psicanalistas – nenhum fazia a fada vermelha abrir a boca. Ela permanecia trancada. A fada vermelha ligou o gás de uma casa vazia sem gatos nem cachorros e tomou calmantes e fechou todas as janelas – quando o gás a deixou com muita dor de cabeça e ela estava prestes a dormir, a fada vermelha abriu todas as janelas e desligou o gás. E ligou para qualquer pessoa para não pegar no sono. E depois disso começou a enxegar um pouco melhor a própria situação.

E não havia mais liberdade. Nem amor. Nem ménages à trois. Nem exibicionismos.

Uma noite qualquer ela bebeu uma garrafa de vinho com alguns remédios. E ninguém mais ouviu falar dela... porque não saiu mais de casa. Mas não morreu. (Infelizmente...)

Liz Christine

Nenhum comentário: