De quantas borboletas é feita a solidão de uma lágrima que brota da minha fala? Sinto a ansiedade da breve espera até que a onda cresça e me cubra de gotas extraídas de pétalas de rosas úmidas abraçadas ao meu corpo. É que rosas abraçam. E borboletas me sugam e me absorvem e se vão – até o infinito e o extremo do amor que se acaba um dia. Mas não se esgota em mim. Não tiro conclusões. Uma descoberta é o início de alguma coisa. Uma conclusão é o final de um longo percurso. Quero o movimento. E o descanso em movimento. Quero sentir cada pedaço do meu corpo em contato com tua pele de pétalas de rosa. Tua boca, tuas palavras, teus seios onde descanso em movimento. Mas sinto o peso da solidão – e a dor de um final que se aproxima quando penso que tudo acaba um dia. Eu não me planejo. Nem sei o que deveria te dizer. Às vezes no teu colo eu penso em coisas tristes – como? Às vezes quando tu quase adormece e se cala e eu fico sozinha com minhas imagens geradas pela onda que vai decrescendo aos poucos – nesses momentos eu choro, ou quase choro, então olho teu rosto e teus olhos fechados e sinto teu cheiro me invadindo... e quase me desligo de mim mesma. Sempre me desligo de mim e de tudo – para sentir tua proximidade. Eu quase te amo. Quase não posso viver sem ti. E quase me confundo se tu é uma rosa ou uma borboleta. E também eu quase me amo em alguns momentos como esses. E me pergunto por que não posso ser e sentir e mergulhar inteira em ti e no meu relacionamento contigo – da mesma forma que me sinto por inteira quando a onda respinga ecos da mais profunda sensação de ser e estar. Ser inteira. Estar aqui – e não com o pensamento distante. Eu tento mas eu quase desisto. Quase desisto de tentar – e quando isso acontece tu insiste e me procura e eu me concentro novamente em quase dizer sem palavras que preciso tanto do teu amor quanto o silêncio é recheado de verdades inteiras e completas. Não digo que te amo. Mas sei que de alguma forma tu me sente – inteira.
Liz Christine
Liz Christine