segunda-feira, 22 de outubro de 2007

eu amo todo mundo


Sinto sede. Sinto prazer. Sinto calma e ansiedade. Mordo a boca para não sorrir. Passo gloss sabor baunilha e passo a língua nos meus lábios. Prefiro dizer boca porque quando digo lábios, penso em grandes e pequenos lábios. Cheiro meus pulsos, Carolina Herrera 212. Respiro no seu pescoço, respiro no seu cabelo, cheiro de xampu de camomila e cigarros. Quero chupar seus dedos e te carregar para o banheiro. Passe as unhas nas minhas costas, na minha coluna vertebral, na minha nuca, na minha barriga. Por baixo da minha blusa, minha pele à sua espera. Eu te amo, eu amo todo mundo, eu amo todo mundo mas eu só quero você ao meu lado me abraçando e me apertando contra seu corpo. Faço massagem nos seus ombros. Sinto sede. Sinto prazer. Sinto uma calma crescente. Todos os meus sentidos acordados, ampliados, misturados uns aos outros se comunicando e me estimulando. Faço o que quero, sou como sou, estou onde eu quero estar com quem adoro e vou adorar para sempre – é o que diz meu corpo mas fico calada. Você não se acostuma com meu jeito meio calado, fala no meu ouvido e me faz sorrir. Só vou falar bastante hoje à tarde, quando estivermos deitadas, aí eu falo o que você quiser, mas agora eu só quero sentir essa calma deliciosa que o prazer proporciona. Talvez o dia esteja amanhecendo lá fora. Mas não queremos saber o que acontece lá fora, não é mesmo? Lá fora são os mesmos problemas de sempre, mendigos dormindo em portas de bancos, mas há os quiosques vinte e quatro horas de flores – eu quero uma rosa vermelha.

Liz Christine

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A realidade transbordante de um beijo


Tenho sede. Uma sede feita de lágrimas. Sinto tédio. Um tédio preenchido pela solidão. Não vivo sozinha na verdade. Apenas sinto que ninguém consegue se alcançar. Fala-se, fala-se tanto, e temos tão pouco tempo. Partir para a ação. Água sabor morango ou maçã. Água natural. Água gaseificada. Acendo mais um cigarro, mordo as pontas do meu cabelo, não sei bem o que fazer da minha recente ausência do agir. Eu gostava tanto quando ela lambia minha boca… mas as palavras são um transtorno à parte.

Me preenche. Me absorve. Me devolve. Me protege. Não me assusta. Se aproxima. Me transforma no que você quiser. Não me manipula. Obedece. Não me dê ordens. Sem hierarquia. Sem preocupação com a opinião alheia. Se entrega. Tenta me compreender. Não precisa me entender. Me deixa em paz. Me descobre. Pensa meus pensamentos. Pensa sobre aquelas frases ditas há tanto. Esquece tudo. Tudo muda o tempo todo. Tudo menos… tudo menos meu amor encoberto por tantas direções contraditórias e livre de todas as classificações. Não me diga como pensar ou como devo ser. Me deseja e me deixa ver que você me deseja tanto quanto eu sonho com desejos realizados. É complicado gostar de mulher. Complicado e irresistível. Mas eu vejo tantas dúvidas. Tantas fantasias. Eu quero a realidade. A realidade transbordante de um beijo.

Liz Christine

domingo, 7 de outubro de 2007

Vínculos


Meu mundinho fechado está se desfazendo em lágrimas de ternura desavisada – não me avisaram que não valia a pena se desmanchar em águas que vão de encontro ao infinito? Meu amor é infinito, e não vai acabar em indiferença nem em ódio. Quem escreveu que o oposto do amor não é ódio, mas a indiferença? Não fui eu, eu que não sei o oposto de não saber de mais nada. “Eu te amei desde o primeiro momento em que te vi…” – de algum filme de 1936. Eu te amei desde a primeira fantasia que você fez nascer em mim. Mas amor não se alimenta de fantasias, amor se alimenta de vínculos.

Quando eu acordar, vou me esquecer – e quando eu for dormir, vou assistir aos mesmos filmes. Sonho com diálogos, cenas, patos e ovelhas. Sonho com labradores, puddles e siameses. Sonho com gatinhas laranjas e com amores eternos. Sonho com declarações e provas de amor. Sonho com mar e areia em noites chuvosas.

Liz Christine

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

mais il est à moi mas ele é meu


mais il est à moi quand même
je sais bien mais j'm'en fous
puisqu'il est dans mon coeur

mas de alguma forma ele é meu, pois está em meu coração...

só no meu coração… nos meus olhos, em meus ouvidos, queima minha pele, diz meu nome mil vezes… diálogos entrecortados por batidas descompassadas, minha compreensão não acompanha minhas idéias, meu coração não segue meus raciocínios…

Devo me esquecer – non, je ne regrette rien, rien de rien… Não me arrependo de me sentir em estado de total desacordo com meu… orgulho? A palavra certa seria… a palavra correta me foge como me fogem a razão e o equilíbrio… deveria esquecer, mas sonho – acordo – sonho – e me desespero – por quê? Por que devo estar tão longe de onde gostaria de estar? Quero um romance, um romance eterno, completo, total, sem espaço para mentiras e… mentiras e enganos e dúvidas – não quero duvidar de sonhos compartilhados e fotografias divididas. Tire um retrato do meu sonho dessa manhã.

Escrevo nua pois não há ninguém mais para me olhar e me recriminar. Os olhos alheios são todos censuras. Um olhar de admiração, um olhar apaixonado, um olhar enternecido – onde eu compro um olhar? Não quero comprar. Quero receber. Quero te ver. Como você me olharia se me visse agora? Tudo que poderia ter sido e não foi… tudo que se sonha e se perde em meio ao caos cotidiano… tudo que se pensa e não se tem coragem de dizer – para onde, tantas palavras?

Alguns homens me causam mal-estar. As mulheres não, nem as vulgares, nem as tímidas, nem as exibidas, nem as muito arrumadas, nem as que não ligam tanto para a aparência. As mulheres são agradáveis de se olhar. Eu falo tanto de uma voz, a voz dos meus sonhos, a voz que me pertence em sonho, mas a voz de alguns homens me irrita. Há vozes muito feias e irritantes nesse mundo. Há vozes com entonações grosseiras, feias. Vozes que sou obrigada a ouvir todos os dias. Não quero ouvir mais vozes feias dizendo coisas banais. Não quero conviver com o que me desagrada – mas o que fazer? Escrevo à luz de velas. Velas coloridas que queimam por sete dias. E derramo cera quente sobre a minha pele. Faço pedidos que caso se realizassem me fariam completamente – sabe tudo que os anti-depressivos prometem e não conseguem cumprir? Pois é… mas eu não estaria satisfeita, sei que não. Porque eu quero mais, mais, quero ser chupada até não conseguir mais, até não aguentar mais, quero beijar até perder as forças, quero não uma, mas – quantas? Quantas pessoas eu gostaria de estar namorando? Só duas. Pois é, algumas pessoas adimitem, outras não. Duas – por que não? Uma mulher e ele – mas…

Cansei de tentar – eu acreditava em muita coisa. Quis viver de acordo com minhas idéias. Ninguém, ou quase ninguém, enxerga além da superfície. Julga-se pela aparência. Com o que eu me pareço? Mas quem me viu por dentro? Quem se interessa pelas idéias de alguém?

mais il est à moi quand même
je sais bien mais j'm'en fous
puisqu'il est dans mon coeur

Liz Christine