Fumando palavras e ausências fumando abstinência saudade vontade
Fumando angústias recordações a noite que vem fumando estrelas que cantam
“Todos nós estamos na lama” – Oscar Wilde, O leque – “mas apenas alguns de nós estão olhando as estrelas.” O que estou olhando é um espelho eu vestindo um casaco apenas um casaco eu me olhando no espelho de cabelos úmidos e olhos irritados pela fumaça
Coração irritado pela ausência ausência de mim mesma se me estruja el corazon
Eu não estou em cada palavra que eu digo
Estou em cada silêncio distante que prolongo estou em cada brasa que cai na pia
Fumando vozes no banheiro fumando vozes de sonhos a voz do Louis Armstrong sorri para mim cantando “Ain’t nobody’s business if I do” what did I do what did I do
Pego a tesoura e corto uma mecha de cabelo gostaria de cortar minha língua e não poderia mais não poderia mais não poderia mais
Mas eu adoro
So lonely I wanna die Todos tão sozinhos nós estamos inseridos numa confusão de vozes que opinam sem ajudar e eu exijo eu exijo
Uma língua apenas uma língua que não me exija nada e que não me confunda e que não me ame porque amar é cercar de cuidados que estou despreparada para receber
Receber e retribuir receber e aproveitar receber e assoprar
Assoprar as feridas do amor não correspondido porque eu não correspondo ao comportamento esperado eu não correspondo à esperada delicadeza com os sentimentos e anseios alheios
Eu e a minha ansiedade e confusão de sentimentos e fumaça e ausência
Ausência de mim mesma no cotidiano e nas frases trocadas eu não tenho mais domínio do que respondo respondo qualquer coisa só para fugir
A verdade é essa: quero fugir
Fugir com uma língua por duas semanas para fumar todas as músicas que eu amo
Uma língua que não me ame que não me exija porque amar é também exigir e eu exijo eu exijo
Eu te exijo
Liz Christine
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