Bela Adormecida acordou e voltou a dormir. Ela preferia ainda sonhar com a fada que se chamava Esmeralda. Bela Adormecida era poetisa e também nefelibata. A fada Esmeralda era um sonho recorrente, antes mais realidade que memória e agora mais memória idealizada que realidade. Bela Adormecida não reconhecia mais a realidade e continuava sonhando e sonhando. Dormia, acordava e dormia. Tomava banhos longos e aquecidos e voltava a dormir. Bebia café e voltava a dormir. Lia e brincava com os gatos e bichos e voltava a dormir. E dormia sempre e muito. E quando estava acordada não sabíamos se estava acordada ou dormindo. Às vezes falava pouco. Às vezes falava demais. De qualquer forma, falando pouco ou muito, não sei se as palavras eram plenamente compreendidas ou levemente distorcidas. Bela Adormecida queria continuar dormindo porque só em sonhos via a fada Esmeralda. Então era essa a real realidade. Mas a fada Esmeralda realmente existia. Eu a vi comprando tabaco ontem. Falei muito vagamente com ela e me retirei. Os diálogos confusos são difíceis de se transcrever. Pensei em escrever um poema. Mas prefiro deixar que as reticências me expliquem o real significado (...).
Liz Christine
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