quinta-feira, 2 de julho de 2020

Trufas de cereja (e a depressão cotidiana)




Os olhos do gato a acalmavam mais do que qualquer tipo de terapia. Aliás, ela não fazia nenhum tipo de terapia. Achava perda de tempo. A depressão era mais ou menos incurável mesmo. A música a alimentava mais do que os carboidratos. Ela comia frutas e legumes. E doces, em pequenas quantidades, principalmente chocolates. Ela estava escrevendo, a realidade bateu à porta, então ela jogou o texto fora. Aquela realidade não parecia real para ela. Os olhos do gato a acalmavam mais do que qualquer tipo de terapia. Ela pegou o gato no colo e foi comer trufas de cereja.

Liz Christine

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