sexta-feira, 2 de agosto de 2019

La lettrice (et les framboises)



Framboesas. E saudades da Itália.

Ela lembrou de Mântua. Ela fez café. Ela suspirou.

Eu me olhei no espelho. Eu bebi uma xícara de café. Eu abri o livro.

Fazia frio. Eu estava com sede.

Framboesas. E saudades da Itália.

Eu lia. Ela lia. Eu escrevia. Ela lia. Eu suspirava. Ela suspirava. Fazia frio. Eu estava com sede. Ouvia-se música. Ouvia-se silêncio. Bebia-se café. Os minutos passavam. As horas se multiplicavam. A saudade me reteve. Mas continuei caminhando. Não olhei para trás. Não olhei para os lados. Ela lia. Eu lia. Eu escrevia. Eu continuava lendo. Eu lembrei de Mântua. Ela suspirou. E então trancamos a porta à chave. E nada mais ouvimos que não fossem as saudades e as framboesas. Ouvimos as saudades. Escutamos as framboesas. E nada mais nos reteve. A saudade se desfez, e o silêncio se manteve. Mas o silêncio escrevia, escrevia todos os dias. E ela lia, e eu lia.

Liz Christine

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