E
então... E poi, (...), E então...
Aquele
rosto não saía dos seus pensamentos.
Ela
fotografava os gatos - o seu gato, o gato da vizinha, as gatas das redondezas.
Antes,
ela tinha duas gatas e um gato.
Agora,
ela tem uma outra gata e o mesmo gato.
Ela
leu sobre a fada Pari-Banu. Ela releu todos os contos de As mil e uma noites.
E
releu outros livros, e nada conseguia escrever.
Ela
disse: “Tudo já foi dito antes. Até esta frase - tudo já foi dito antes - já foi dita e repetida.”
“Mas
nada dissemos ainda” - foi o que disse a ovelha que degustava uma fatia gorda
de camembert. “Deixe-me escrever por você” - disse a voz do sapo que andava
sumido há tempos. E a gata miou. O gato miou também. O polvo sorriu. E aquele
rosto não saía dos seus pensamentos. “Não diga nada” - ela disse a si mesma. Um
pássaro azul se aproximou da janela.
As
fadas trouxeram mais lascas gordas de camembert. E chovia. E continuava
chovendo. As fadas trouxeram um ramo de rosas.
E
dentro da música era primavera. Mas na realidade era outono. Onde ela vivia,
porém, era sempre primavera. E onde ela
vivia? Ela vivia dentro daquela música. Qual delas?
“Liberte-me.”
- disse a ovelha. “Quero plantar cerejas no seu conto.” - disse novamente a
ovelha. “Mas eu não escrevo contos.” - ela respondeu. “Então isso é um poema?”
- perguntou uma das corujas, eram muitas corujas ao redor dela. A coruja ficou
sem resposta. Ela ofereceu um chá de mirtilo às corujas, para se desculpar por
não haver respondido. Ela não queria mais falar. Não era por mal. Adorava seus
bichinhos de estimação. Ela os tratava bem, e eles a ajudavam também (...).
Liz
Christine
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