quarta-feira, 1 de maio de 2019

Maçã com mel (tea for two)



Afastei os medos e convidei a liberdade. 

Ela já estava pensando em se aposentar ou buscar outros refúgios.

Aqui não se ouvem a si próprios. Aqui não se ouvem uns aos outros. Aqui não dão ouvidos à sensível interpretação de parênteses e senões.

Mas ela, a liberdade, veio e aceitou uma xícara de chá.

E cumprimentou meu gato, minha gata, as borboletas dentro do armário e os livros da estante.

           Maçã com mel.

Então afastei o tímido silêncio e convidei também a música.

Ela também veio, e dessa vez chegou um pouco mais alegre.

Trouxe tipos variados de sonhos, macarons e doces pequeninos (como mini brigadeiros de morango).

Mas precisávamos de mais consistência (...).

Então chamamos o espírito que habita em cada livro desta ou daquela estante, e ele também veio.

Ele nos pediu precaução e nós prometemos guardar o seu segredo.

E assim passamos algumas horas agradáveis, mas já era o momento da realidade voltar para casa.

A realidade queria expulsar todos os convivas e as minhas convidadas e o espírito dos livros desta ou daquela estante.

         Mas não o permiti.

Deixei-a sentada sozinha na mesa e fomos jantar uma pasta italiana (...).

Liz Christine

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