segunda-feira, 1 de maio de 2017

Red is the rose / Premier Mai





Ela cortou meus pensamentos. Eu estava quieta, sentada na grama, lendo um livro, quando ela chegou e me disse que Pirandello havia dito novamente que deveríamos todos estar em silêncio.

Meu sonho disse "buongiorno", eu respondi "buona giornata, mon lapin, ma lapine, ma chérie, mon chaton" - meu sonho perguntou "c'est avant ou après le verbe?", eu respondi "c'est féminin, oui, et toi? ça va?" e nós então suspiramos ouvindo as estrelas que sobrevoavam ao redor das xícaras de café.

Banhos meticulosos. Concentração em pequenos detalhes. A gata olha ao redor distraidamente e fecha as cortinas. O dia está parcialmente nublado. Há um pouco de vento. As pétalas das flores dizem que estamos em Maio. É o meu mês. É a minha casa. É o ronronar da gata que se espreguiça sobre a almofada.

    "Clear is the water that flows from the Boyne
                  But my love is fairer than any"

A babuska me ofereceu um pote de mel. Aceitei e agradeci. Eu me sentei novamente na grama, reencontrei meus pensamentos em duas páginas, coloquei os fones de ouvido e Pirandello disse: "Cante!". Respondi: "Não sei cantar...". Pamina miou e Sócrates acordou. As pétalas das flores disseram que estamos em Maio. Eu sorri e fechei o livro.

      "Red is the rose that in yonder garden grows
                    Fair is the lily of the valley"

                ("Tu aimes la musique irlandaise?" "Oui, et toi?")

Liz Christine

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