Um
pequeno poema. Uma folha em branco. Duas frases distantes. Uma palavra
sussurrada. Três silêncios entre dois cappuccinos (um com chantilly, o outro
sem) e um espresso duplo. Unhas vermelhas, como é o costume das borboletas
surrealistas. Ou talvez um rosa mais fechado. Rosa bebê. Azul pastel. Vermelho
cereja. Lilás. Gato laranja. A foto do gato laranja no celular. Mil fotos do
gato laranja. "Como vai o seu gato?" - perguntam. "Bem, muito
bem, olha aqui, tirei mais umas fotos do meu gato..."
"E
o livro?"
Continua.
A conversa continua e segue seu rumo mas o ritmo distante dos sonhos vagueia ao
redor de cada palavra. O ritmo distante-presente dos sonhos. Todos os presentes
colecionados. Brinquedos e babuskas. Dois macarons de framboesa e fecha a
conta. O presente esperando. À espera de mais imagens. Imagens colecionadas.
Coleções intermináveis de sentidos próximos. Ou distantes. Ou presentes. O
sonho recorrente me abraça todas as semanas. Palavra-presente. Hoje e depois.
Amanhã também. Hoje, sempre hoje. Um pequeno poema. As folhas de uma orquídea.
O chá me aguarda. A quietude
também me aguarda. Silêncio preenchido.
Liz Christine
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