quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Outro presente







Um pequeno poema. Uma folha em branco. Duas frases distantes. Uma palavra sussurrada. Três silêncios entre dois cappuccinos (um com chantilly, o outro sem) e um espresso duplo. Unhas vermelhas, como é o costume das borboletas surrealistas. Ou talvez um rosa mais fechado. Rosa bebê. Azul pastel. Vermelho cereja. Lilás. Gato laranja. A foto do gato laranja no celular. Mil fotos do gato laranja. "Como vai o seu gato?" - perguntam. "Bem, muito bem, olha aqui, tirei mais umas fotos do meu gato..."

"E o livro?"

Continua. A conversa continua e segue seu rumo mas o ritmo distante dos sonhos vagueia ao redor de cada palavra. O ritmo distante-presente dos sonhos. Todos os presentes colecionados. Brinquedos e babuskas. Dois macarons de framboesa e fecha a conta. O presente esperando. À espera de mais imagens. Imagens colecionadas. Coleções intermináveis de sentidos próximos. Ou distantes. Ou presentes. O sonho recorrente me abraça todas as semanas. Palavra-presente. Hoje e depois. Amanhã também. Hoje, sempre hoje. Um pequeno poema. As folhas de uma orquídea. O chá me aguarda. A quietude também me aguarda. Silêncio preenchido.

Liz Christine

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