quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Felinos




Felinos domesticados não falam (como humanos) mas compreendem bem a linguagem humana. Conversam entre si e até cantam (alguns felinos apreciam música) através de doces miados. Acho até que há os que reconhecem datas e espreitam a despensa ou geladeira. Há os que gostam de iogurte e queijo (sim, há felinos que gostam de queijo). E existem também os que adoram chocolate. Nada disso é indicado para gatos. Eles bem o sabem. Mas não resistem.

“La dieta sbagliata e gustosa per umani... Hai già visto la torta di cioccolato?” – domanda una gatta amica.
“Sì, l’ho già leccata...” – risponde Pamina.

Sócrates hoje foi apresentado às irmãs de Pamina. Elas se chamam Adina e Liù.

“Ho visto due opere che mi sono piaciute...” – dice una.
“Erano Lelisir damore e Turandot...” – dice l’altra.
“La nostra umana ci ha spiegato che ha scelto i nostri nomi perché le piacciono queste opere. Piacere, siamo Adina e Liù...” – dicono le due gatte.
Sòcrates ascolta la loro presentazione mentre beve un bicchiere di acqua.

As duas babuskas assistem ao balé Marco Spada antes do jantar. E Sócrates aguarda a sobremesa. É aniversário de um parente humano. Haverá um jantar. Mas Sócrates está preguiçoso. Está no colo ouvindo a música do balé e de vez em quando espia alguma cena. A coreografia lhe agrada. Não quer espiar a geladeira com as outras gatas amigas. Hoje Sócrates se sente mais tranquilo e talvez não se esconda das visitas, como de costume. Depende dos tons de vozes e de diversos fatores. Tudo depende, tudo varia, tudo se mistura – e o essencial permanece no pacato cotidiano de Sócrates.

“(...) prosperava na estabilidade (...). Não via com bons olhos o caos entrando em sua vida (...).” (um trecho do livro Um gato de rua chamado Bob do autor James Bowen)

Sócrates leu este livro mas sabe que ele próprio não é um gato de rua – ele próprio é um gato muito caseiro, ao contrário de outras(os) conhecidas(os). Tem seus momentos de correria e brincadeira também e, além disso, não é um gato previsível. Nenhum felino é tão previsível quanto poderia parecer. Nenhum – apesar das manias que obviamente cultivam diariamente...

Liz Christine

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