quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A brisa das madrugadas


A insanidade se refrescando dentro da geladeira abre suas asas ao redor da embalagem de sorvete de chocolate branco e o transtorno alimentar engatinha até a porta do banheiro trancado. O sabor de ilusão de cada descoberta gentil sobre as sensações guardadas dentro da memória descompromissada. Não há nenhum compromisso excedente com a realidade das palavras indomáveis porém doces como um pavê de nozes. Não há além de tudo e inclusive – não mais – nenhum compromisso também com o ritmo das inconstantes flutuações de dupla personalidade. Deixar-se estar – livre dos tormentos e constrangimentos da verbalização das insanidades diárias que se refrescam dentro da geladeira. Não compartilhar o doce-de-leite nem as reais inclinações de sonhos recheados com macarons e champagne envolvidos pelo aroma de Jadore. Ah sabores – sabor de incompreensões passadas da validade ou sabor de beijos impregnados de volubilidades refrescantes e suaves. A superação de todos os tormentos e transtornos vem acompanhada de fatias generosas de amor platônico. Todos os amores platônicos contidos no silêncio da penumbra do quarto onde a noite se esconde da curiosidade das amantes da lua. Todas as estrelas que reinam soberanas dentro da memória descompromissada – tão sem compromissos quanto os sentidos de cada estrofe de um poema musicado. Leia como queira – mas não quebre mais uma vez o silêncio das prateleiras onde descansam as babuskas da coleção de lembranças sem conexão com a realidade das insanidades morando dentro da geladeira. O transtorno alimentar foi-se embora de vez e ficaram sabores intensificados pela suave liberdade das vontades gulosas porém contidas dentro do silêncio quase sem expressão do rosto acarinhado pela brisa das madrugadas.

Liz Christine

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