segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Um instante


 

Ela ia falar mas desviou o olhar. A gata estava bebendo chá de erva-doce. E ela também estava bebendo chá de erva-doce. Ela olhava as matrioskas e divagava calmamente. Ela se lembrava do urso passeando calmo pela floresta encantada, daquele outro texto que a gata havia comentado. Agora a gata estava lendo um livro. E ela observava a gata. O silêncio flutuava naquele quarto e ela divagava calmamente. Era agradável olhar as matrioskas. Ela ia falar mas desviou o olhar. Não era necessário falar. Mas a gata fechou o livro por um instante e falou. Contou tudo o que lera, e ela escutou.

 

Liz Christine

domingo, 6 de novembro de 2022

A floresta encantada


 

O urso era um bom musicista e passeava calmo pela floresta encantada. O sonho e a névoa encobriam um pouco o céu noturno mas ainda assim as estrelas cantarolavam – e cantarolavam sempre aquelas canções (desconhecidas por humanos) que contavam sobre as pérolas e turquesas que a Lua havia escondido embaixo do travesseirinho da gata que havia conhecido Sócrates (o gato). E a gata havia decifrado todos os caminhos e toda a névoa que envolvia todos os caminhos daquela floresta encantada onde o urso musicista e calmo passeava. Mas a gata não vivia naquela floresta encantada. Vivia em um apartamento mas, ainda assim, conhecia as flores e as fadas e todas aquelas canções (desconhecidas por humanos) que contavam sobre as pérolas e turquesas que a Lua havia escondido embaixo do travesseirinho onde ela mesma (a gata) se aconchegava para cochilar ou sonhar ou dormir profundamente. E a gata gostava da Lua. E a olhava à distância, aconchegada e tranquila em seu travesseirinho que era um presente da humana que dela cuidava.

 

Liz Christine