segunda-feira, 19 de maio de 2014

A continuação de um conto de fadas




O mutismo seletivo acentuado. Mordidas de lobos ferozes. O cavalo da raça mais pura não é surdo. Cappucceto Rosso não tem culpa se andou se apaixonando por Snow White. E Bela Adormecida vigia Belle e Myrtha dentro do castelo gelado de paredes transparentes onde todos os pensamentos são regravados diariamente. Myrtha é a rainha, como já sabem todas as fadas – e todos os habitantes do reino estão absolutamente vivos, exceto pelo Fantasma de Canterville que se refugiou na floresta após ser salvo por Virgínia que permitiu seu descanso eterno mas ele se entediou descansando e fugiu. O Fantasma de Canterville assassinou a própria esposa por ciúmes e por isto sua alma não poderia descansar – Virgínia erroneamente se apiedou e o salvou mas logo se arrependeu ao completar dezoito anos de sonhos e fantasias. “Um assassino não deveria ter sido salvo” – ela confidenciou ao irmão – “mas não conte para ninguém que eu te contei, eu havia feito votos de silêncio sobre isto” – ela completou o desabafo e nunca mais disse nada além a respeito, apenas carregou seu arrependimento consigo durante um tempo interminável que terminou quando se casou e esqueceu tudo. Ela teve uma filha que se chama Christine e acaba de completar seis meses mas já aprendeu a falar. Uma vidente fez uma bela previsão para o bebê de Virgínia – a partir dos três anos de idade Christine sofreria de mutismo seletivo, o que na verdade não é um sofrimento e sim uma bênção. Então Christine foi batizada e abençoada e presenteada pela fada lilás e outras fadas. A fada lilás, após tratamento com anti-depressivos e exercícios para controle de estresse, melhorou totalmente o humor mas não deixou que sua vida interior e introspecção natural se extinguissem – ela jamais desejou ser superficial ou frívola, dessas pessoas que vivem apenas o mundo externo e nunca enxergam os mundos internos naturalmente participativos em cada ponto de vista de cada indivíduo. “O relato é inconcludente” – disse Myrtha – “os lobos não serão perdoados, que vivam isolados do povo nas reservas florestais do reino para todo o sempre. Agora estou atrasada para as minhas aulas de canto, a sessão está encerrada por hoje, continuemos amanhã” – e após Myrtha pronunciar estas últimas palavras fez-se silêncio e a sessão foi encerrada. O silêncio gestual da rainha Myrtha – lembram? – por isto mesmo ela foi aconselhada a fazer aulas de canto. Uma rainha deve se pronunciar quando necessário mas sem esquecer a ternura ou sem esquecer que muitas vezes o silêncio pode ser de ouro. Tudo é relativo e cada caso é um caso. Calem-se todos agora, é hora da pausa para a meditação reconfortante nossa de cada dia (...).

Liz Christine

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Keep me in your dreams




Una domanda che non abbiamo ascoltato. Quindi la gatta ha risposto:
_ Ci vogliono le fragole per fare una buona variazione della ricettama preferisci le ciliegie o le fragole? Entrambe? Anchio...

O despertador mia – a babuska tenta acordar e adormece novamente.

Ieri mi sono svegliata più tardi perché... la mia gatta non mi ha svegliato... E ho visto il tuo gatto Oberon che parlava di  letteratura irlandese con il mio gatto Sòcrates... Che è successo? Stiamo sognando ancora? – domanda la scrittrice e poetessa.

Uma babuska está vestida com uma camisola lilás. A escritora está no supermercado com uma amiga comprando água mineral com gás. Três ovelhas estão escolhendo e comparando diferentes fabricantes de patê para gatos. A escritora encontrou uma ração especial de dieta para patos na seção de congelados. Bela Adormecida fechou os olhos por alguns segundos enquanto a mesma música flutuava entre sonhos paralelos interligados através de suspiros.

Gli Aristogatti... Hai letto i libri che ti ho  prestato? Non dimencare il nostro cappuccino domani... ci vediamo...

O despertador mia. Passaram-se apenas quinze minutos. O despertador insiste. A babuska se levanta. É feriado e a vizinha está ouvindo Lady Day.

Liz Christine