quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um passeio vespertino


O pato galopante atravessou a sala principal da casa de bonecas instalada sob a luz fria que desencaminhava os humores otimistas. A dissonância criou raízes na cama de casal onde as gatas se refrescam de tempos em tempos do excessivo abafamento das verdades subjetivadas. Nenhuma assertividade nas crenças passageiras que assolam periodicamente as mais doces fantasias intransferíveis. Transferir a acomodação galopante de um cômodo ao outro – esvair-se em distrações etéreas e absorver-se em curtas estrofes diáfanas. A leveza da orquídea amarela dita o ritmo das mudanças de tom.

Degustando o café forte seguido de um cálice de licor Sheridan’s. Fumando espera-se a absolvição dos receios intimistas – fumando um, fumando mais um, e mais outro, até que se chegue ao esquecimento dos freios irracionais ou impessoais. Libertar-se de qualquer pessimismo socialmente aceito ou negatividades desestabilizadoras. Fechar o leque dos sentimentos negativistas e abrir os olhos para o movimento das distrações etéreas que polinizam as orquídeas amarelas ou brancas.


A apuração de sabores vem acompanhada de suaves fatias de generosidade. Permitir-se saborear o aroma de jasmim que circula ao redor da casa de bonecas sob a luz fria. As babuskas silenciam mais uma vez uma provável mudança de tom. O ritmo das ondas do mar reescreve novamente as estrofes diáfanas constantemente abafadas pelo barulho do trânsito nas ruas. E as reticências encerram um trecho de livro sublinhado durante um passeio vespertino (...).


Liz Christine

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