sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os brinquedos do sótão


Mais um inverno rigoroso – tão rigoroso que perco as chaves do sótão em uma madrugada dominada pela lua irradiando inconstâncias sobre os flocos de neve.

As babuskas sorridentes de tão cheias de si mesmas seguem a dieta da lua para perderem o excesso de soberba variação de contrariedades passionais –


Não há mais paixões suficientes para abastecer a fome de invernos rigorosos – tão rigorosos que perco as chaves da soberba sobremesa escondida dentro da gaveta.


A frieza das janelas com tela à espreita de soluções plausíveis para a inconstância orgulhosa da afeição satisfeita guardada dentro das babuskas – uma frieza fragilizada que se desfaz a cada toque suave.


A suavidade das madrugadas completas – tão completas que um sorriso se esconde atrás do rosto imparcial que pouco demonstra de suas reais inclinações.


Toda a afeição retida se esconde no sótão – ou nas prateleiras que aguardam o retorno da música tecida em sonhos desfeitos pelo vento.


A cada despertar a mesma xícara sorri timidamente para a coleção de babuskas enquanto o café é degustado silenciosamente – um sabor de infância teima em embaraçar os cachos macios e longos da dona dos brinquedos do sótão.


A gata se enrosca na abelha de pelúcia ao lado do travesseiro e aguarda pacientemente a chegada da noite perfumada – tão perfumada que a cor das prateleiras se transforma diante de olhares discretos e parcialmente retidos no silêncio do quarto.


Liz Christine

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