segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sentidos puros


Lentamente, o vento gelado se enrosca em uma xícara vazia. Cada vez mais lentamente, palavras sem nexo se desfazem de encontro às ondas perfumadas. Uma breve pausa no desenrolar de um movimento. As palavras fogem quando me vejo deslizando sobre o chão gelado – nada a dizer realmente que não seja perfeitamente esfumaçado. Olhos fechados sobre a neve, brincando de esconder sentidos atrás de árvores. Sentidos puros e aguçados enquanto ao meu redor tudo soa gelado – mas não eu. Eu não, pelo menos dessa vez (...). Dessa vez são sombras feitas de gelo. (Sombras de corações vazios)

Dentro da minha concha há música mas não existem companhias. Exceto pelas fadas, gatas brancas ou de cores diversas, sereias e um anjo que jamais me convidaria para uma xícara de chá. Não existem companhias humanas, foi o que quis dizer. Lentamente, cada vez mais lentamente, movimentos fluem de encontro ao silêncio constante de um coração que transborda mas não encontra um ombro (...).

Liz Christine

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